Durante a violência, a vítima foi hostilizada por ser homossexual. Já sem forças por conta das pancadas, ele se fingiu de morto para que os agressores parassem. Ao perceberem o desfalecimento do rapaz e acordarem em deixá-lo, um dos algozes ainda pisou no rosto de Jonatas, deixando o nariz e dentes quebrados.
— Eu achei que fosse morrer. Nunca imaginei que poderia ser vítima de uma violência tão brutal — relembra Jonatas que ficou com hematomas no rosto, braços e ombros.
Quando os agressores foram embora, Jonatas reuniu forças para seguir e pedir ajuda. O jovem foi caminhando ensanguentado, com o rosto desfigurado, em direção à orla, gritando em busca de socorro, mas as pessoas que estavam por perto não o ampararam.
— Eu estava cheio de sangue, saí pedindo socorro, mas ninguém me ajudou. As pessoas me olhavam como se fosse um bicho — desabafa o jovem.
Natural do município de Casa Branca, interior de São Paulo, Jonatas declarou que embora nunca tenha sofrido nenhum tipo de violência, bullying ou assédio por ser gay, sabe que todos os dias são noticiados casos fatais de homofobia. Segundo o Instituto de Segurança Pública, em 2017, 431 pessoas registraram crimes motivados por LGBTfobia nas delegacias do estado. Ou seja, mais de uma vítima por dia, sendo 59,6% do sexo masculino.
Morando no Rio há dois anos, o passeio pelo Arpoador era um de seus hobbies preferidos.
“Neste dia, havia marcado de encontrar com uma amiga, porém, ela desmarcou o compromisso em cima da hora e como eu tinha passado o dia inteiro dentro de casa, resolvi dar uma volta, respirar um ar”, publicou em um relato nas redes sociais. “Sempre costumo fazer esse passeio na companhia de amigos, contudo, neste dia estava só – não que isso justifique por um segundo sequer a violência sofrida, pelo contrário, só demonstra a minha vulnerabilidade e a crueldade de meus algozes”, escreveu.
O medo agora faz parte de sua rotina. Jonatas relata que, por estar recente, não se sente confortável de andar nas ruas, mesmo que pequenas distâncias.
— O choque foi muito grande. Ainda estou com muito medo. O que fizeram comigo foi algo gratuito só pelo fato de ser homossexual — diz.
O caso foi registrado na 14ª DP (Leblon). Segundo a Polícia Civil, a investigação irá buscar nas imagens de câmeras de segurança próximas ao local informações que possam ajudar no caso.
Informar a família sobre o ocorrido foi uma situação delicada, pois Jonatas não era assumido para a mãe.
— Eu não queria preocupar minha mãe. Mas para expor o caso, tive que conversar com ela e explicar o que aconteceu — comenta.
Jonatas trabalhava como caixa de uma loja no Shopping Rio Sul e pretende voltar à cidade natal para ficar um tempo com a mãe e se recuperar do trauma que viveu.
— Em muitos casos de homofobia as pessoas escondem, muitos casos não são nem registrados. No momento em que estamos tendo essa conversa, outras pessoas estão sendo agredidas — lamenta.
*Estagiária sob supervisão de Giampaolo Morgado Braga
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