Aposentadoria de servidora é cortada, sofre AVC, morre no Hospital Salgado Filho e família não é avisada porque o telefone está cortado


Em um intervalo de 48 dias, Marly Flávia de Oliveira morreu duas vezes. A primeira, no quinto dia útil de junho, quando foi ao banco buscar sua aposentadoria e descobriu que havia sido dada como morta e, por isso, estava com o benefício e o plano de saúde, descontado em folha, cortados. Sem dinheiro e sem seguro, a moradora de Todos os Santos, tão independente a vida toda, se viu pedindo ajuda à família.

Quinze dias após o fatídico extrato com saldo zero, a aposentada de 78 anos sofreu um AVC isquêmico enquanto dormia. Sem plano, acabou sendo levada para o Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, onde trabalhou como enfermeira por 34 anos. Após 33 dias na emergência, às 7h30 da última terça-feira (24/7), Marly morreu. A família só soube por volta das 13h, ao chegar para a visita. Os telefones do hospital estão cortados.

Após ligar para o Previ-Rio, fundo responsável por gerir aposentadorias e pensões no município do Rio, Bruno, neto de Marly, descobriu que a avó havia sido dada como morta, por não ter feito o recadastramento. No dia 8 de junho, ele e a avó foram ao banco e regularizaram a situação.


Em março do ano passado, como medida de corte de custos, o Previ-Rio suspendeu o envio de contracheques pelos Correios aos mais de 80 mil inativos e pensionistas vinculados ao fundo. O serviço teria um custo de R$ 4,4 milhões por ano. No contracheque, uma mensagem alertava aposentados e pensionistas sobre o recadastramento, já que muitos não acessam internet.

A assessoria do Previ-Rio informou que o benefício foi suspenso porque não recebeu do Santander informações sobre o recadastramento de Marly. Já a assessoria do banco afirmou que a aposentada não realizou a prova de vida no prazo estipulado, e que, após a efetivação, no dia 8 de junho, o pedido de normalização do recebimento do benefício foi encaminhado ao órgão responsável.

Três hospitais estão com as linhas cortadas

Os telefones do Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, estão cortados desde segunda-feira. Funcionários da unidade informam que o motivo seria falta de pagamento. O problema se repete em outras unidades, como no Souza Aguiar, no Centro, e no Miguel Couto, na Gávea.

A Secretaria municipal de Saúde informou que o funcionamento das linhas telefônicas foi prejudicado devido a “problemas externos no serviço prestado pela operadora de telefonia” e que a empresa já havia sido acionada para restabelecer o serviço. Ontem, o Salgado Filho ainda estava sem telefone.

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