Pacientes e funcionários sofrem com abandono do Hospital Salgado Filho, no Méier


Pacientes do Hospital Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio, sofrem há meses com problemas para conseguir atendimento e tratamento na unidade. Além de não ter remédios e macas, o ar condicionado da unidade está quebrado e os leitos estão infestados de moscas.

Na manhã da terça-feira (4/11), pacientes eram atendidos no corredor do hospital e, devido a superlotação, macas eram usadas como leitos. Funcionários contaram que médicos são obrigados a fazer procedimentos até no chão por falta de acomodação adequada.

“Faz massagem cardíaca no chão ou no balcão porque não tem maca, não tem maca pra poder atender os pacientes”, contou um funcionário.

Além da falta de espaço, medicamentos, e infraestrutura, a falta de médicos sobrecarrega os enfermeiros e técnicos da unidade que acabam atendendo mais do que o dobro de pacientes que deveriam atender.

“A sala amarela aonde suportaria no máximo vinte pacientes de ambos os sexos, nós as vezes suportamos 68, 70 pacientes pra dois técnicos de enfermagem. E sem médico porque por conta disso já tá, o hospital já tá já sem médico mais ou menos umas duas semanas”, contou uma técnica de enfermagem.

O paciente Benedito da Glória chegou na unidade às 11h da noite, da última segunda-feira (3) e só conseguiu ser atendido pelo neurologista na manhã desta terça-feira (4). Luiza Fonseca, esposa de Benedito, aguardou quase 8h para receber a informação de que o caso do companheiro era grave.

“O neuro apareceu 6h40 da manhã. Perguntou quem era o Benedito. Eu falei. Foi ver qual era o problema dele. Depois veio e falou pra mim. Foi derrame mesmo. AVC", explicou Luiza.

Luiza contou, ainda, que Benedito precisou ser levado para a sala amarela, devido a gravidade, mas ficou sentado em uma cadeira porque não havia maca.

Hospital usa maca de ambulâncias

O problema da falta de acomodação e espaço no maior Hospital Municipal da Zona Norte é recorrente. Ambulâncias que chegam com pacientes são impedidas de fazer novos atendimentos, pois precisam aguardar a liberação da maca, que muitas vezes é usada na unidade.

Enquanto os pacientes sofrem com atendimentos no chão e internações em cadeiras, leitos que chegaram recentemente no hospital não estão sendo usados.

Na chamada "unidade intermediaria", onde ficam os pacientes graves, funcionários contaram que faltam médicos plantonistas e as pessoas internadas são atendidas acompanhadas apenas por um técnico de enfermagem.

"É uma sala de retaguarda de CTI, aonde tem pacientes aguardando a vaga, pacientes críticos, que são pacientes entubados. E esse setor tem 14 pacientes internados, eles não tem um médico de plantão e nem uma enfermeira, quem fica no setor é um técnico de enfermagem" relatou uma funcionária do hospital.

Dentre diversos problemas, profissionais da unidade ainda reclamam da falta de medicamentos básicos, como remédios para dor. "Dipirona não tem num hospital de emergência porque provavelmente não estou sendo pegos pra levar porque nunca chegou ao ponto de faltar medicação, contou.

Os pacientes que permanecem internados na unidade ou esperam por atendimento ainda enfrentam outro problema: a invasão das moscas. De acordo com funcionários o problema se agravou, devido ao grande número de aparelhos de ar condiconado que estão quebrados.

"O ar condicionado está quebrado e as moscas ficam em cima dos pacientes a todo tempo. Pra fazer medicação você tem que abanar", relatou uma enfermeira.

Assista a matéria em vídeo no G1

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