Blindados da polícia percorreram rua de onde partiu tiro que, segundo testemunhas, atingiu adolescente no Complexo da Maré


Quatro blindados da Polícia Civil passaram pela rua de onde partiu o disparo que matou o adolescente Marcus Vinícius da Silva, de 14 anos, na Maré, no dia do crime. Depoimentos de quatro policiais civis que participaram da ação à Delegacia de Homicídios (DH) — dois deles, delegados — revelam que quatro “caveirões” da corporação entraram na favela, na manhã do dia 20 de junho, pela Rua B1, na Vila do João. Essa é a via de onde teria partido o disparo que matou o adolescente, segundo o depoimento de um amigo de Marcus Vinícius, que estava com ele no momento do disparo.

O EXTRA teve acesso, com exclusividade, ao inquérito da DH que investiga o crime. O amigo de Marcus Vinícius, um jovem de 16 anos, contou à especializada que o adolescente teria ido, com uniforme escolar, a sua casa no dia em que foi morto. Os dois iriam juntos para o Ciep Vicente Mariano, onde estudavam. No entanto, desistiram de ir ao colégio por conta de disparos feitos de um helicóptero. Quando os tiros pararam, eles saíram de casa, pela Rua B1.

De acordo com o depoimento, na ocasião, “Marcus observou um blindado atravessado na rua, localizado em frente ao Mercado do Sr. Rafael”. O adolescente ainda “apontou o blindado” para o amigo”. Ainda de acordo com o jovem, “o blindado era de cor preta e possuía um símbolo com uma caveira”. Nesse momento, ele ouviu um disparo e o amigo gritar: “Fui baleado! Fui baleado!”. Após o depoimento, o jovem apontou num mapa o ponto exato onde viu o caveirão.


O relato do jovem é corroborado por outro depoimento, prestado por um morador da Maré um dia após o crime. O homem, um bombeiro hidráulico, afirma que “supõe que o tiro tenha partido da direção de onde havia um blindado parado na via B1” e que “a distância do blindado para o menino era cerca de 300m”.

Segundo os depoimentos dos policiais civis, quatro blindados entraram na favela naquele dia: dois da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), um da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) e outro da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Os policiais alegam que foram atacados por traficantes quando entraram na favela, mas não houve disparos de dentro do caveirão.

A necrópsia do cadáver de Marcus Vinícius revela que o tiro que o atingiu “apresentou trajeto de trás para frente e da esquerda para direita”. Já o laudo pericial do local de crime descarta que o disparo tenha partido de um helicóptero e atesta que o atirador estava no mesmo plano que Marcus Vinícius.

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