Ao dar os primeiros passos no balé, ainda criança, em um projeto social de Manguinhos, Daiana Ferreira não imaginava para onde aqueles movimentos a levariam. Hoje, aos 29 anos, ela usa tudo o que aprendeu para alimentar o sonho de 213 crianças. O projeto Ballet Manguinhos, criado há seis anos, tem a dança como instrumento de transformação social. E vai mais longe. Além de aprenderem a se comunicar com o corpo, as alunas participam de atividades culturais e têm lições de cidadania.
Nascida e criada na comunidade da Zona Norte, Daiana Ferreira passou a infância em um barraco que não tinha banheiro. Sua mãe, empregada doméstica, criou as três filhas sozinha. A despeito da pouca instrução e da falta de recursos, ela se esforçava para ensinar às meninas o valor da educação e da cultura.
— No fim de semana, ela sempre levava a gente para museus, teatros e qualquer espaço cultural que fosse gratuito ou tivesse um valor acessível. Também foi minha mãe que me incentivou a estudar e fazer cursos. Tanto que eu tinha o sonho de ser professora — conta Daiana.
Formada em Educação Física, Daiana criou o projeto em 2012, inicialmente chamado Balé Furacão Cidadania, que contava com o patrocínio do Jairzinho, ex-jogador do Botafogo. Em 2014, com o fim do apoio, adotou o nome de Ballet Manguinhos. Além das aulas da dança clássica, as crianças e jovens, de 6 a 29 anos, fazem excursões a teatros, museus e participam de atividades culturais em grupo.
— Muitas vezes, falar de Manguinhos dá vergonha. Mas quando elas falam que são do Ballet Manguinhos, isso é motivo de orgulho. Não é utopia a gente dizer que a favela pode ser boa. Existe pessoas maravilhosas aqui, que trabalham, conquistam e desenvolvem — diz Daiana.
Segundo ela, o projeto não tem como objetivo formar bailarinas profissionais.
— Se acontecer, ótimo. Caso não aconteça, teremos formado jovens dispostos a estudar, trabalhar e ter uma vida honesta.
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