Crivella repudia ação de sua própria secretaria na Vila Kennedy, após derrubada de quiosques; casal se ajoelhou para que não ocorresse



A Prefeitura do Rio divulgou, no início da noite desta sexta-feira, uma nota em que comenta a ação de ordenamento urbano realizada durante o dia na Vila Kennedy, comunidade em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Segundo o texto, “houve uso desproporcional da força” na retirada de barracas de comerciantes que atuavam na Praça Miami, um dos principais logradouros da região. “O prefeito (Marcelo Crivella, do PRB) repudia esse tipo de comportamento”, diz o texto.

Na mesma nota, a prefeitura alega que a operação ocorreu a pedido da Polícia Militar. “Além de outras irregularidades no local, havia denúncias de atividades criminosas, tais como venda de drogas e de carga roubada”, afirma. Procurada pelo EXTRA, a PM ainda não se manifestou.

Crivella também informou que determinou o afastamento imediato de todos os funcionários envolvidos na ação. Além disso, de acordo com o prefeito, será feito um cadastramento dos comerciantes afetados para "imediata realocação".

Mais cedo, ainda durante a retirada das barracas, o clima era de revolta na Praça Miami. Os cerca de 30 quiosques operavam no local há pelo menos 15 anos. A principal queixa dos proprietários era que ninguém havia sido comunicado das derrubadas.



A Vila Kennedy vem sendo palco de contantes operações das Forças Armadas desde o início da intervenção federal na segurança pública do Rio. A comunidade é vista como uma espécie de "laboratório" pela cúpula que a assumiu o controle da área no estado. O Exército, contudo, afirmou que a Prefeitura do Rio agiu por conta própria na polêmica ação de ordenamento.

— Eventuais reclamações ou denúncias de excessos cometidos, nesse caso específico, devem ser encaminhados à Prefeitura do Rio — chegou a dizer coronel Carlos Frederico Cinelli, chefe de comunicação do Comando Militar do Leste (CML).



O casal Leonardo e Luciana Damasceno (foto a cima) se ajoelhou diante do quiosque que mantinha há 15 anos, na Praça Miami, que estava fechado e também era alvo de operação de choque de ordem da prefeitura na localidade. A esperança era que os funcionários da Prefeitura mudassem de ideia, deixassem a comunidade e o ganha-pão da família se mantivesse intacto.

Chegaram aqui para derrubar tudo. Trabalho no quiosque há 15 anos. O que vou fazer agora? É o meu único ganha pão - desabafou Leonardo, de 33 anos. - Tenho um filho de 4 anos e outro está vindo. Minha esposa está grávida de 3 meses. O quiosque é a nossa única fonte de renda. Não quero e não vou ter forças para assistir à derrubada. Somos evangélicos e fizemos uma oração pedindo a Deus uma direção. Não sabemos o que fazer. Vendíamos café da manhã no quiosque. Nosso café era famoso aqui na Vila Kennedy. Tudo o que eu quero é ter uma vida digna - completou ele.

Veja, abaixo, a íntegra da nota enviada pela Prefeitura do Rio:

“A Prefeitura do Rio realizou nesta sexta-feira operação de ordenamento urbano na Praça da Vila Kennedy, a pedido da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

O prefeito Marcelo Crivella constatou, contudo, que na operação houve uso desproporcional da força, atingindo também desnecessariamente trabalhadores. O prefeito repudia esse tipo de comportamento. Ele determinou o afastamento imediato dos funcionários envolvidos e o cadastramento dos comerciantes para imediata realocação.”

Fonte: Extra

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