Presidente do Google no Brasil diz que acesso à internet é muito caro para o brasileiro


Via Extra

Diante da limitação do acesso à internet no Brasil, a Google vem ampliando a oferta de ferramentas que podem ser acessadas off-line, conta o presidente da empresa no Brasil. Ele inaugura, no próximo dia 7, no Rio, o YouTube Space, espaço gratuito para produções artísticas na zona portuária. Leia abaixo a entrevista:

OGLOBO: Nos últimos três anos, a empresa investiu cerca de R$ 500 milhões no Brasil. E para os próximos três anos?

Coelho: Já fizemos um belo investimento estruturante, mas ainda tem muita coisa para vir ao Brasil. Estamos trabalhando em cabos submarinos transoceânicos que vêm dos Estados Unidos, há um projeto de data center. Mas não serão mais instalações físicas. Serão investimentos para melhorar a infraestrutura e a conectividade.

Isso significa investir menos?

Não necessariamente, nem tudo que não é visível é barato. Assistir a um vídeo do YouTube exige um investimento grande em processamento de dados. Eu não diria R$ 500 milhões, mas dá para dizer que são investimentos equivalentes.

Quais os maiores limitadores de investimento no Brasil hoje?

Nossa receita cresce dois dígitos saudáveis no Brasil, e isso tem a ver com o fato de que os usuários consultam mais e as empresas têm maior ímpeto para usar as plataformas digitais para reduzir custo e entender melhor seus usuários. Isso é um fenômeno irreversível e é maior que a recessão. Com relação a dificultadores, é lógico que a recessão não permite que o país possa se desenvolver na capacidade total. Há outros elementos, mas aquele que temos de trabalhar para ter um Brasil ainda mais digital é a questão da conectividade e do acesso. O acesso à internet para o brasileiro ainda é muito caro. Estamos buscando criar produtos orientados para o Brasil que permitam às pessoas usar nossas plataformas de modo off-line.

Recentemente, houve um boicote publicitário devido à vinculação de marcas a conteúdos violentos no YouTube. O que vocês têm feito para evitar isso?

Temos dedicado muitas horas a entender qual o ponto certo para restringir conteúdos que estimulem o extremismo sem cruzar a linha da censura. A companhia colocou maior contingente de pessoas e está usando elementos de inteligência artificial para identificá-los quando eles sobem. Hoje, 400 horas de conteúdo são publicadas a cada minuto no YouTube.

Quantos conteúdos, em média, são barrados?

Não falamos sobre esses números.

Para onde está migrando a tecnologia do Google Glass?

O Google Glass talvez tenha chegado ao mercado antes de uma análise mais profunda de qual seria seu uso. Hoje, um mecânico que está consertando uma peça e precisa contatar uma pessoa que está em outro lugar, ou um médico que está fazendo uma cirurgia e pode transmiti-la para estudantes, são utilizações sensacionais.

Para onde a Google vai no caminho da realidade virtual?

Estamos apostando nas três realidades: virtual, aumentada e mista. Imagina que você entra num museu, e aí aponta a câmera do celular para um quadro ou escultura e vem uma informação sobre a peça, criada no ano tal por tal artista. Isso é a realidade mista. A realidade virtual e a aumentada são excelentes para se ter uma experiência mais completa. Numa, você se desloca a um ambiente, e, em outra, o ambiente se desloca para você. Tem muita gente investindo nisso, não só a Google.

Essa é a maior aposta?

A maior aposta da Google para os próximos anos é se transformar numa companhia 100% mobile. É questão de tempo ter todo o planeta com celular na mão. A segunda grande aposta é a inteligência artificial e o aprendizado de máquina, para ter o apoio da máquina para coisas que a gente nem imagina.

Isso nos leva à internet das coisas. Há um gargalo de rede. A Google considera ter uma rede própria, ou fará acordo com as operadoras?

O caminho é fazer acordo com as operadoras. A Google está construindo três cabos submarinos, então temos um pedacinho para ajudar na conectividade. Mas acreditamos que a internet das coisas, a indústria 4.0, tem de ser um modelo com mais redundância. Temos uma relação muito saudável com as operadoras.

O buscador Google é a grande porta de acesso à informação, inclusive jornalística. Como a Google trabalha para dar às empresas de mídia mais relevância que produtores de conteúdo sem rigor jornalístico?

Nossa parceria com qualquer publisher é estratégica entre conteúdo e tecnologia. As companhias que têm conteúdo, se quiserem, podem disponibilizá-lo nas nossas plataformas. E isso, como pequenos drops, abre a porta, para que seja um link para elas. É lógico que não seria realista um grupo como o Globo colocar todo seu conteúdo de graça no Google. Acreditamos que essa é uma estratégia vencedora, e os grandes grupos de comunicação do Brasil já estão fazendo. Como esse conteúdo é organizado na plataforma depende da relevância. Um conteúdo que tenha relevância, independentemente de ser produzido por apenas um youtuber, vai aparecer. Ou seja, quem manda, em última análise, é o usuário.

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