Casal de mulheres enfrenta preconceito e vai contra tabus, no Rio


Criada em família católica, com duas tias freiras, Patricia demorou mais de três décadas para se assumir homossexual. Antes, chegou a passar sete anos casada com um homem, com quem teve dois filhos — um menino, hoje com 11 anos, e uma menina, de 7. Foi com Samantha, porém, que ela descobriu o que era uma paixão realmente arrebatadora.

— Abafei por muitos anos o que eu era, até que um dia tive que me assumir, e seja o que Deus quiser. As pessoas têm que entender que eu casei e tudo mais, mas não fui feliz. A única alegria que tirei foram meus filhos — diz a professora, que passou a sentir na pele a discriminação: — Uma vez, falei que era católica e responderam: “Ué, lésbica e católica?” Quer dizer, então não posso decidir nem minha religião?

As duas se conheceram na internet, no ano passado. Três semanas depois, Samantha embarcou para Fortaleza, no Ceará, onde o casal pôde, enfim, trocar os primeiros beijos. Em seis meses, elas já moravam juntas em solo carioca, com direito a três crianças (a última, de 13 anos, é filha biológica do irmão da DJ e adotada por ela).

Elas e as crianças

— Fui até lá buscar todo mundo — conta Samantha, orgulhosa da família formada e dos planos de oficializar a união em breve.

Discriminação recai até sobre as crianças

Samantha e Patricia planejavam contar aos poucos ao filho mais velho da professora sobre a orientação sexual do casal. Não deu tempo. Antes disso, uma outra criança, vizinha da família, provocou o menino na rua: “Sua mãe é sapatona”.

— Ele deu uma revoltada, mas durou pouco. Hoje fala que é especial por ser o homem da casa e que tem duas mães. Às vezes, é até mais carinhoso com Samantha, que é mais liberal que eu — revela Patricia.

A filha da DJ, mesmo já sabendo que Samantha é gay, vem sofrendo com o bullying. Recentemente, na festa de aniversário, não quis apresentar a mãe aos colegas.

— Ela disse que tem vergonha porque sou “gorda e lésbica”, que sacaneiam. Fiquei magoada, claro. Mas estamos pensando em procurar psicólogos para nós duas e superaremos — garante Samantha.

Depoimento - Samantha Machado, 37 anos, DJ

‘Ela parou de me apresentar como mãe’

Nos últimos meses, minha filha parou de me apresentar como mãe. Antes, fazia questão de que eu fosse à escola, falava para os amiguinhos. Nessa última festinha, por causa dessa coisa da vergonha, ela disse para as pessoas que Patricia era a mãe dela. Só que a própria Patricia respondeu: “Mas você está esquecendo que eu também sou lésbica”. É uma situação difícil, mas a gente encara.

Fonte: Extra

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